Por Steve Solot*

Apesar das reiteradas promessas do Ministério da Cultura — inclusive expressas publicamente no último Rio2C, em maio — e da criação de um grupo de trabalho multidisciplinar e interministerial com representantes da Embratur, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, do Ministério do Turismo, do Ministério das Relações Exteriores e da Ancine, o Brasil segue sem implementar um incentivo federal específico para a produção audiovisual.

A ausência desse mecanismo coloca o país em desvantagem diante de competidores diretos na região, como a Colômbia, que já comprova os resultados de uma política pública bem estruturada.

Certificado de Inversão Audiovisual (CINA) colombiano, criado em 2020, atingiu em 2025 um marco histórico: todo o orçamento anual foi alocado a projetos internacionais de grande porte, confirmando a confiança global no país como polo audiovisual. Desde sua criação, o incentivo acumula mais de 3,4 bilhões de pesos colombianos (USD 861 milhões) em investimentos e já gerou mais de 130 mil empregos diretos.

Produções relevantes aprovadas este ano incluem En diciembre llegaban las brisas e Palacio (Netflix), a terceira temporada de Betty, la fea: la história continúa (Amazon) e The Last Photograph, de Zack Snyder. Ao todo, entre 2020 e 2025, 165 projetos receberam o CINA, beneficiando diretamente 24 províncias e 153 municípios, além de dinamizar setores como turismo, hotelaria e transporte aéreo.

O contraste com o Brasil é inevitável. O Brasil reúne infraestrutura, diversidade cultural e talentos reconhecidos internacionalmente. Falta apenas a decisão política de implementar um mecanismo de incentivo federal sólido e competitivo, capaz de transformar esse potencial em resultados econômicos e sociais concretos.

Estudo de Impacto Econômico para um Novo Incentivo Federal à Produção Audiovisual no Brasil, elaborado pela Olsberg SPI (Londres), em agosto de 2024, demonstrou que, se um incentivo federal fosse introduzido em 2024 com um teto anual de 25 milhões ou de 100 milhões de dólares, o setor de produção audiovisual poderia gerar, em 2030, até USD 730 milhões (R$ 3,65 bilhões) e USD 1,03 bilhão (R$ 5,15 bilhões) em gastos diretos com produção, respectivamente. Essa atividade poderia criar diretamente cerca de 11.000 a 15.500 empregos em 2030.

Enquanto o Brasil adia, perde oportunidades reais de investimento, empregos e projeção global. Resta, portanto, a pergunta: até quando continuaremos assistindo à expansão dos países vizinhos sem agir?

*Steve Solot é presidente do Latin American Training Center-LATC, Senior Advisor, Albright Stonebridge Group – ASG/DGA, e membro do Conselho Empresarial de Assuntos Culturais da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ)

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