As Film Commissions no Brasil estão preparadas para atender as demandas da Copa do Mundo 2014?

Por Steve Solot (Publicado na Revista de Cinema)

Em 2014, teremos uma competição de grande porte cuja realização vai requerer extensos processos de preparação e complexas operações. Por um lado, a Copa do Mundo de Futebol gerará reflexos e benefícios em diversos setores da economia e da sociedade, sejam temporários ou duradouros, diretos ou indiretos. Por outro, também apresentará riscos que exigirão, tanto do setor público quanto do privado, processos de gestão eficientes para que possam proporcionar, de forma plena, esses benefícios à sociedade.

As 12 cidades-sede da Copa estão focadas em múltiplas atividades preparatórias para garantir uma infraestrutura adequada para receber o fluxo enorme de turistas, torcedores e profissionais. Mas será que as film commissions estarão preparadas para atender as demandas das equipes de jornalistas e produtores de documentários, especiais de TV e outros formatos de conteúdo audiovisual que certamente estarão filmando no país?

No Brasil, o interesse por film commissions e o seu potencial para atrair produções audiovisuais nacionais e internacionais, promover o crescimento econômico e a criação de empregos, assim como beneficiar produções de cinema e televisão locais e gerar maior visibilidade para a região, tem crescido a cada ano. Desde 2008, ao menos 15 entidades intitulando-se film commissions surgiram pelo Brasil para promover suas respectivas jurisdições como locais ideais para produções de conteúdo audiovisual. Entretanto, apenas três film commissions do Brasil constam como membros da Associação Internacional de Film Commissioners – AFCI: São Paulo, Amazonas e Rio de Janeiro.

Em 2009, a proliferação de film commissions no Brasil levou o Governo Federal a criar um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para analisar o fenômeno e recomendar providências para organizar a atividade e garantir um patamar mínimo de profissionalismo e apoio capacitado para as produções no país. Porém, até hoje, nada de concreto foi feito nesse sentido, nem pelo Ministério da Cultura, nem pela Agência Nacional de Cinema – Ancine, apesar das film commissions terem sido incluídas no ultimo “Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual 2013″, da Agência, o que representa, finalmente, o reconhecimento do papel estratégico das film commissions para o setor audiovisual brasileiro. Esta situação é preocupante por duas razões principais, quais sejam:

1) A proliferação desordenada de film commissions, sem padrões operacionais, treinamento e certificação não condiz com as atuais tendências positivas e a rápida expansão de praticamente todos os segmentos da indústria audiovisual brasileira e, portanto, torna-se um elo frágil na cadeia produtiva audiovisual nacional.

2) Agora que o Brasil se tornou o foco das atenções mundiais com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, há uma enorme demanda por serviços de apoio audiovisual habitualmente prestados por film commissions. Esta demanda é visível não só para film commissions em grandes centros urbanos, mas também no interior, e em todas as cidades-sede da Copa, pois os produtores estrangeiros, sejam de cinema, TV, documentários, equipes jornalísticas, dentre outros, buscam apoio para as filmagens em locações bastante diversificadas.

Durante recente visita a Los Angeles para apresentar a nova estrutura da Rio Film Commission aos estúdios, produtores independentes e ao Consulado do Brasil, recebi inúmeras perguntas sobre as film commissions no Brasil; como elas estão organizadas e como podem ser contatadas para apoio futuro. Infelizmente, o país carece de uma estrutura, tanto no setor público como no privado, para organizar esta atividade, como acontece em outros países como, por exemplo, a França.

A entidade Film France é composta de uma rede de 40 film commissions locais espalhadas por todo o país. Essa rede oferece informações gratuitas sobre locações, equipes, custos de mão de obra, procedimentos administrativos, incentivos, assim como um guia de produção e assistência na obtenção de autorizações de filmagem. A Film France é uma associação de natureza híbrida, com membros do setor público e privado. Ela é financiada através de subsídios do governo e de taxas pagas pelos afiliados. A sua organização interna inclui um código de conduta, estatutos formais, um formulário de afiliação de film commission e regulamentos internos.

Como representante da Rio Film Commission, estou preocupado com a possibilidade de que um produtor estrangeiro filmando no Brasil possa não ser atendido por profissionais qualificados, tendo em vista a forte possibilidade de inúmeras film commissions serem administradas por indivíduos sem treinamento adequado e experiência na indústria audiovisual. Além de transmitir uma imagem negativa, isso diminuiria de forma significativa o potencial do país para atrair produções audiovisuais internacionais e, consequentemente, estimular o crescimento econômico e a criação de empregos no setor audiovisual.

Com o objetivo de auxiliar na preparação das cidades-sede da Copa do Mundo para o atendimento aos produtores de conteúdo audiovisual, mesmo que parcialmente, e especialmente nos locais onde ainda não há film commissions, a empresa de consultoria audiovisual LATC oferece de forma gratuita no seu website  latamtrainingcenter.com um guia resumido de Melhores Práticas, que poderá servir como base para receber as demandas de filmagem. Espera-se que esse guia contribua para criar um patamar de qualidade para todas as film commissions em território nacional.

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